O sistema de yoga proposto por Patanjali, conhecido como Ashtanga Yoga (ou "Yoga dos Oito Membros"), é uma filosofia prática que visa a transformação do ser humano, integrando corpo, mente e espírito. Patanjali, um sábio e filósofo indiano, compôs os Yoga Sutras por volta de 200 a.C., oferecendo um guia claro e sistemático para o autodesenvolvimento e a realização espiritual.
Os Oito Passos de Patanjali não são etapas lineares, mas sim práticas interconectadas que, juntas, promovem equilíbrio, clareza e um estado de bem-estar profundo. Vamos explorar cada um desses passos:
Yamas & Nyamas
São os princípios éticos. Yama significa controle ou domínio. E Niyama significa atenção para o interior / olhar para si mesmo.
Conforme o Hinduísmo, Yamas e Niyamas são os 10 princípios da ética Yogue, ou seja, são o processo de purificação e estruturação integral da personalidade.
1. Yama: Disciplina Ética
Yamas são os princípios éticos e morais que guiam o comportamento externo. Eles representam uma atitude de respeito, harmonia e não-violência com o mundo ao nosso redor. Patanjali sugere cinco Yamas:
Ahimsa: Não-violência, tanto em palavras quanto em ações.
Satya: Ser verdadeiro.
Asteya: Não desejar o que não é seu / Não roubar
Brahmacharya: Controle da energia vital, que pode ser entendido como moderação nos desejos. Enxergar a divindade suprema em tudo e todos.
Aparigraha: Não possessividade, desapego. Não colecionar bens materiais. Consumir e ter o suficiente.
Esses princípios criam a base para uma vida ética e harmoniosa.
2. Niyama: Disciplina Interna
Niyamas são práticas pessoais que se referem à nossa conduta interna e autocuidado. Patanjali descreve cinco Niyamas:
Shaucha: Pureza, tanto do corpo quanto da mente. (Limpeza do corpo, ambientes e pensamentos)
Santosha: Contentamento, aceitação do que é. (Contentar-se com o momento presente da forma que se apresenta)
Tapas: Disciplina, esforço ardente para superar obstáculos. (Disciplina e serviço. Servir as outtras pessoas)
Svadhyaya: Autoestudo, reflexão sobre si mesmo e busca do conhecimento. (Estudar as escrituras para compreender o papel do seu humano na Terra.)
Ishvara Pranidhana: Entrega ao divino, rendição à força superior.
Juntas, essas práticas cultivam uma atitude interior de calma, equilíbrio e sabedoria. (Ter como meta alcançar um estado de união com a Consciência Suprema.)
3. Asana: Posturas
São as posturas fisicas do Yoga e significa postura firme e confortável.
As posturas físicas (Asanas) são um dos aspectos mais conhecidos do yoga. Embora os Yoga Sutras mencionem asanas de forma breve, Patanjali destaca que elas devem ser confortáveis e firmes, proporcionando estabilidade para a prática de meditação. O objetivo das asanas não é apenas melhorar a flexibilidade e a força, mas também preparar o corpo para a meditação profunda.
4. Pranayama: Controle da Respiração
Prana significa energia vital e Yama significa a prática de movimentar e manipular essa energia, que normalmente é exercitada através de variados tipos de movimentos respiratórios.
Pranayama refere-se ao controle da respiração, que é considerado um meio de controlar a mente. Ao controlar a respiração, o praticante pode aumentar sua energia vital (prana), reduzir o estresse e alcançar estados de concentração mais profundos. Técnicas de pranayama envolvem a prática de respirações profundas, alternadas e ritmadas, que acalmam o sistema nervoso e equilibram as emoções.
5. Pratyahara: Abstração dos sentidos
Pratyahara é o processo de retirada dos sentidos do mundo externo, permitindo que a mente se volte para dentro. Ao controlar o fluxo incessante de estímulos sensoriais, a pessoa pode reduzir as distrações e criar um estado de concentração mais profundo. Essa prática prepara o praticante para a meditação, ao afastar a mente dos impulsos externos e trazer o foco para o interior.
6. Dharana: Concentração
Dharana refere-se à prática da concentração, o ato de focar a mente em um único ponto ou objeto. Isso pode ser uma imagem mental, um som ou até mesmo a própria respiração. A concentração é um passo crucial para a meditação, pois sem ela, a mente tende a vagar, impedindo o aprofundamento da prática.
7. Dhyana: Meditação
Estado sem pensamento. Meditação.
Dhyana é o estado de meditação, no qual a mente se torna completamente absorvida no objeto de concentração. Ao atingir a meditação, o praticante ultrapassa os pensamentos dispersos e experimenta uma sensação de união com o objeto de meditação. Esse estado de atenção plena permite que a mente se torne mais clara e tranquila, e o praticante atinja uma consciência expandida.
8. Samadhi: Iluminação ou Realização
Estado elevado de meditação, que leva ao entendimento sobre a nossa unidade com o todo. A compreensão de que todos somos uma mesma consciência. Portanto, todas as pessoas, animais, natureza, universo... são uma únca unidade.
Samadhi é o objetivo do yoga é o estado final da prática, onde ocorre a união completa entre o praticante e o objeto de meditação. Em outras palavras, é o estado de "iluminação", onde a mente transcendentalmente se funde com o universo. A pessoa experimenta uma sensação de paz, liberdade e realização plena, livre das limitações do ego. É o fim da jornada de autoconhecimento e o começo de uma vida plena de sabedoria e compaixão.
A Prática dos Oito Passos
Embora os oito passos de Patanjali possam ser vistos como uma sequência, na verdade, eles são interdependentes e podem ser trabalhados simultaneamente. A prática de yoga é uma jornada de autodescoberta e transformação, e o sistema de Patanjali oferece um mapa claro para esse caminho. Ele não é apenas uma prática física, mas uma filosofia que integra mente, corpo e espírito, proporcionando uma vida mais consciente e equilibrada.
Em resumo, os Oito Passos de Patanjali representam o caminho do yoga como um todo, desde a ética e disciplina pessoal até a meditação profunda e a realização espiritual. Cada passo é uma prática que contribui para o bem-estar geral e o autodesenvolvimento, levando o praticante a um estado de paz interior e clareza mental.